Carta 2

O pedido

Alexia Cristhine
5 min readAug 2, 2020

Escrevi uma carta pra você abrindo o meu coração, expôs os meus defeitos, pedi que fizesse o mesmo e aparentemente o que achamos ter de ruim não assustou nenhum dos dois, sendo assim acho que podemos seguir em frente e como prometido, estou aqui sentada a mesa, com vários papeis amassados a minha frente, abrindo meu coração mais uma vez e errando várias vezes pois como sempre falo, mesmo a distância, você sempre me deixa sem palavras.

Eu pensei muito antes de escrever essa carta, deitei na cama, olhei as estrelas lá fora e percebi que eu sempre vi poesia no céu, se eu pudesse eu daria alguma estrela de presente pra você, porque toda vez que eu vejo o brilho delas, eu lembro do brilho dos teus olhos, eu sei, eu sei, isso foi bem brega, devia adicionar isso na lista dos meus defeitos, eu sou extremamente brega quando tô apaixonada, extremamente clichê, manhosa e carente. Talvez eu ainda não tenha avançado na parte de falar dos meus defeitos, mas é que eu acho bom você saber o que vai encarar se resolver dizer sim no final dessa carta.

Acho que enrolei demais, você sabe que ser direta não é uma das minhas qualidades, mas eu gosto de ser assim, desse jeito quem sabe um dia eu não escreva um livro, no mínimo com umas quinhentas páginas, falando sobre o nosso amor, tô sendo brega de novo né ? É o efeito que falar de você tem sobre mim e eu juro que poderia passar várias horas escrevendo sobre você sem cansar.

Podia começar escrevendo sobre o som da sua risada e o quanto eu fico toda derretida quando você começa a gargalhar bem alto perto de mim, sem nenhuma vergonha, podia também descrever a tua carinha quando algo prende completamente a tua atenção, teus olhos atentos, a boquinha fechada, teu foco inteiro ali naquele momento, como se nada mais importasse. Gosto de te ver assim, porque sinto a mesma coisa quando sua concentração é destinada a mim, adoro o jeito que você me olha, como me despe com o olhar antes mesmo de começar a me tocar, adoro quando você chega de fininho, bem no momento em que estou distraída, me beija no pescoço e sussurra no meu ouvido que eu sou tua, ali eu perco inteiro o discurso sobre não sermos propriedade um do outro, pois nesse momento tudo o que eu mais quero é inteiramente te pertencer, só por alguns momentos ser completamente tua, apenas tua.

Eu acho que realmente não tem jeito, eu tô completamente encantada por você, e tudo que eu quero é ter certeza que você sente o mesmo, eu sei que você sempre fala coisas fofinhas, que é muitas vezes bem melhor em falar sobre sentimentos do que eu, teu nível de romantismo é bem mais elevado e eu sei o quanto você se esforça pra me fazer perceber que você realmente gosta de mim e que fala a verdade, sei que te irrita o fato de eu não saber lidar com teus elogios, mas é só a minha falta de jeito misturada com a minha insegurança, mas eu amo os teus elogios e amo mais ainda a maneira como você me faz sentir especial, eu só tenho medo de perder essa coisa gostosa que a gente tem, tenho medo de ir adiante e no meio do caminho me perder de te.

Mas tô tentando me livrar das amarras e começando a me entregar pra você, demorei muito pra escrever essa segunda carta porque ela pode ser a mais importante da nossa história juntos e eu queria que ela fosse perfeita, queria que ela transmitisse o que eu sinto quando simplesmente toco tua mão, o arrepio que eu sinto toda vez que você me toca, a vontade de passar anos e mais anos do teu lado, o tamanho do meu sentimento, o tamanho do meu querer, só que tenho certeza que por melhor que eu seja com as palavras, eu nunca conseguiria mensurar em algumas linhas tudo o que você desperta em mim.

Lembro do nosso primeiro encontro, do seu jeitinho meio tímido que combinava com o meu, do seu sorriso de canto de boca, que depois descobri ser o seu sorriso de nervosismo, da sua mão chegando devagarinho pra segurar na minha, da sua hesitação em me beijar, mesmo que a minha boca tivesse clamando pela tua, lembro que bem ali, naquele primeiro encontro você já me ganhou, eu provavelmente não demonstrei na hora o quanto tinha gostado de você logo de cara, eu tava tremendo de medo, porque nunca tinha gostado de alguém tão rápido, você não viu, mas quando eu te disse tchau eu virei sorrindo, no ônibus voltando pra casa todo mundo me olhava, porque eu não conseguia parar de rir, eu ainda não consigo dizer exatamente o que fez eu me apaixonar, mas eu sei que começou ali, no nosso primeiro contato.

Eu juro que pensei em tentar te afastar e na verdade no inicio posso ter feito exatamente isso, eu não tava preparada pra sentir algo tão forte, não tava preparada pra querer alguém como eu queria você, não tava preparada pra sentir saudade logo após te dizer até mais, não tava preparada pra um mês depois me pegar pensando em como seria legal chegar em casa e te encontrar, ou no mês seguinte começar a pensar em como te pedir da maneira certa em namoro, não estava preparada pra tão rápido ter certeza do que queria, eu sempre fui indecisa, mas agora eu sei exatamente o que eu quero.

Eu quero filminho juntinho no sofá, eu quero dengo e beijinho na testa depois de uma noite de amor, eu quero segurar a tua a mão e depois passar horas com a sensação dela na minha, eu quero o teu cheiro na minha cama, quero teu cheiro na minha roupa, quero postar foto com textão no primeiro aniversário de namoro, quero apelidinho de casal, quero te chamar de amor e bebê, quero ser brega, quero te irritar e ser chata contigo, quero que você faça o mesmo comigo, quero chorar junto, brigar e fazer as pazes cinco minutos depois, quero a saudade e logo após a alegria de te encontrar, eu quero os teus defeitos, quero teus dias ruins, eu quero os teus problemas, obviamente também quero as coisas boas, quero teu beijo de bom dia pra curar meu mau humor, eu quero tudo, quero você, quero uma vida do teu lado, eu quero ser tua mulher, quero ser tua namorada.

Você aceita namorar comigo ?

Do teu futuro amor ( me deixa por favor tirar esse futuro das minhas dedicatórias )

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Alexia Cristhine

Mulher, negra, LGBT // Escrevo sobre amor para aliviar a alma. Escrevo sobre a dor para tentar curá-la. Escrevo sobre a realidade para tentar mudá-la.