Aquilo que fica depois do fim.

Alexia Cristhine
2 min readMay 17, 2021

Esses dias acabei percebendo que grande parte das pessoas que sigo nas redes sociais, são pessoas que não estão mais presentes na minha vida. São amizades que passaram, amores que acabaram, pessoas com quem tive uma história que já deixou de ser escrita. De algumas delas sinto saudade, de alguns momentos vividos juntos sinto saudade, mas hoje o que sinto é uma saudade amadurecida, do tipo que vem, aquece o coração por trazer boas recordações, bons sentimentos e logo vai embora. Antes essa saudade com certeza me causaria angústia, porque eu iria pensar nesses momentos como algo que perdi. Hoje, em contrapartida, sei que eles são memórias que ganhei, coisas boas que passei e que por isso sinto saudade ao relembrar. Antes a saudade doía, hoje ela me causa mais alegria que desprazer. Apesar de não terem perdurado em minha vida, essas pessoas, essas histórias, me marcaram, e de algum modo, sei que também fiz marca na vida delas, o saldo é extremamente positivo. Esse conviver, amar, conhecer e depois deixar ir, é a dinâmica da vida em plena ação, aqui reside beleza, existe algo belo na mudança, existe algo belo em colecionar diferentes lembranças. O eterno leva a plena estabilidade, leva a falta de movimento, e quando tudo o que temos é a inércia, nada novo se cria, a pluralidade se elimina, o criatividade vai se esvaindo. Hoje em dia sou muito mais atraída pelo diverso, pela mudança, pela riqueza que que isso pode me proporcionar. Entendo meus afetos em uma dinâmica plural e finita, e guardo com enorme apreço as histórias que construí com quem comigo compartilhou, deu e recebeu, amor. Sou muito grata a todos que passaram pela minha vida, tem um lugarzinho dentro de mim dedicado inteiramente a vocês que ajudaram nesse processo, ainda inacabado, de escrever as linhas de quem hoje sou, as conversas, as risadas, o choro, as dores e as conexões que juntos tivemos, se tornaram eternas em pequenos pedaços da minha história. Espero que sigam se tornando eternos em meio efemeridade do viver, que sigam construindo afetos, compartilhando amor e ajudando na construção de novas histórias, obrigada por de algum modo terem me mostrado que a vida é cheia de possibilidades, e por terem me ensinado que o fim não é sinônimo de algo ruim.

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Alexia Cristhine

Mulher, negra, LGBT // Escrevo sobre amor para aliviar a alma. Escrevo sobre a dor para tentar curá-la. Escrevo sobre a realidade para tentar mudá-la.