Ritmo fora do tom.
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Se a pressa é inimiga da perfeição, sou imperfeita, pois meus pensamentos sempre estão além da velocidade da luz, aqui dentro tudo é acelerado, talvez isso explique porque sempre ando tão cansada.
A lentidão que expresso em meus movimentos, talvez seja um mecanismo de defesa para meu corpo não entrar em colapso, pois basta os pensamentos que não cessam, se minhas ações seguissem o mesmo ritmo, provavelmente não aguentaria mais nenhum dia.
Quando deito e meu corpo está pronto pra dormir, cansado, clama por repouso, os pensamentos destoam e me deixam em claro por mais algumas horas, ambos são indissociáveis, se a mente não para o corpo não descansa, somos um só.
Mas um só formado por contradições, formado por tensões, o querer e não querer, o desejar não ser desejante, o abismo onde o nada é o final, mas ao mesmo tempo onde tudo se encontra e se mistura, dois lados de uma mesma moeda, que procuram a todo custo traçar caminhos que diferem.
Queria desacelerar, queria responder aos meus pensamentos de maneira mais rápida, não sei o que quero, talvez descansar? Talvez não parar?
Sigo com minhas inquietações tentando aceitar e acolher todos os meus lados, tentando me abrir a multiplicidade que compõe o meu ser, e tentando achar um meio termo entre meus pensamentos acelerados e os meus passos lentos.